Esperança ainda que tardia

Fotografia colorida tirada ao entardecer de um ônibus em movimento. Atrás do ônibus existe uma porta de alumínio amarela de comércio e a parede do lado metade branca e metade azul com o número 308 atrás de uma barra de ferro que segura um toldo dobrável. Na parede, há duas barras de ferro e, em sua ponta, cabos de energia. Tanto a porta de alumínio quanto a parede ao lado têm inscrições em tinha spray de pixo. A calçada na frente da porta e da parede é limpa e tem um bueiro. Na rua, por onde o ônibus passa, o asfalto possui diversos vincos.

Por Sarita Borelli


No meio de uma crise política e de um engarrafamento no Largo da Batata, observo o que parece ser um grupo de estudantes tocando em seus bumbos, bongôs, reco-recos e tamborins, uma música que não reconheço, mas que parece base de carnaval. Na avenida os carros buzinam, enquanto uma senhora, do ônibus ao lado do meu, tamborila com as suas mãos enrugadas o samba que escuto.
Quem comanda a percussão daqueles instrumentos é uma moça negra, que dá o tom e se diverte com o acompanhamento da turma.
Em meio à discussão do motorista e do cobrador para saber qual seria o melhor caminho para fugir do engarrafamento, posso sentir que, ao mesmo tempo que estamos em tempos difíceis, resta a esperança, vista por meio da música, dos dedos magros da senhora ao lado e do caminho alternativo descoberto pelo motorista, que segue de uma vez a viagem.

2 respostas a “Esperança ainda que tardia”

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