O papel da história

por Karina Sávio*


Já dizia Marx, em 18 de Brumário, que a história sempre ocorre duas vezes: a primeira como tragédia e a segunda como farsa.
Mas, e quando ela se repete incessantemente e perpetrada pelos mesmos protagonistas de sempre, como vemos na história do Brasil recente? Para mim, sempre traz em sua repetição um conteúdo trágico, pois regressivo.
É impossível olhar para os fatos de 1954 e 1964 e não compará-los aos dias atuais, ainda que as intenções e as inclinações de cada governo difiram entre si de maneira quase brutal.
Cada um a seu modo, Getúlio, Goulart e Dilma foram atacados pela parcela mais abastada da sociedade, aliada a uma mídia que se beneficiou ideológica e financeiramente com tais ataques. Tudo por proporem mudanças e reformas (ainda que não tenham saído do papel) que beneficiariam a camada mais pobre da população.
O discurso de Goulart na Central do Brasil faz-se mais atual do que nunca: “A democracia que querem impingir-nos é a democracia antipovo, do antissindicato, da antirreforma, ou seja, aquela que melhor atende aos interesses dos grupos a que servem ou representam”.
Em momentos como esse, a retomada da história é fundamental. Retomar a história é mostrar que, infelizmente, tragédias ocorrem mais de uma vez, ainda que transvestidas de fábula farsesca; que em países onde à grande parcela do empresariado e dos políticos o que vale é lucrar o máximo possível à custa de uma população já bastante explorada, não importam as consequências ao desenvolvimento do país, à república e à democracia.
A história e sua teoria servem para nos trazer a lembrança dos horrores que se seguem em épocas de trevas como foram as consequentes aos golpes, principalmente o de 1964. Mas é necessário lembrar, por mais doloroso que seja. Lembrar é resistir!
*Karina Sávio é historiadora, editora e especialista em comunicação digital.

Fotografia de Eurico Zimbres (CC)

1 resposta a “O papel da história”

  1. A história sempre tem sido cíclica: Deutsches Reich seguido de Hitler, João Goulart gerando 1964 e agora governos progressistas abortando em temerismo!

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