Rodolfo, meia-esquerda

Imagem de um campo de futebol.
Foto: Marcelo Baseggio [CC BY-SA 4.0 (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0)]

por Felipe Sanches*


“Hoje você vai cair pela esquerda, Rod”, disse o técnico Plínio naquela ensolarada manhã. O jogo era fora de casa e, assim como a posição no campo, o território era até então desconhecido por Rodolfo, que completava 16 anos justamente naquele 9 de maio de 1993.

Conde Rodolfo Crespi era o nome do estádio, o que rendeu ao novato jogador, desde aquele fatídico dia, o apelido de “Conde”, no vestiário, entre seus companheiros de Nacional. A partida, válida pelo Campeonato de Aspirantes, precedia o duelo que definiria a permanência do time da casa, o Juventus, na primeira divisão do Paulistão, contra o Noroeste de Bauru. Nas arquibancadas da rua Javari, o clima era de espera pelo jogo principal, e o jogo prévio, entre os jovens da casa e os da Comendador Souza, além de ser um clássico das categorias de base, servia para aliviar a tensão.

Onze era o número estampado em azul na camisa branca que vestia Rodolfo quando, logo ao pontapé inicial, valendo-se do sol a pino, arriscou um chute da linha de meio-campo, por cobertura, não dando chance de defesa a um atabalhoado goleiro que ajeitava seu boné. O faro do artilheiro, que desde a categoria infantil se acostumara a ostentar o nove às costas, continuava preciso.

Na comemoração, Rodolfo brindou com seu belo sorriso um senhor e uma menina, criança, que se acomodavam nos assentos de madeira, ao passo que Anton, o pai, comentou, entusiasmado, com Melina, a filha: “O gol que Pelé não fez”.

*Felipe Sanches é graduado em Geografia pela Universidade de São Paulo, poeta, editor de livros didáticos, colaborador de publicações da Editora Gota e coidealizador da Revista Aluvião.

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