A insustentável opressão

Imagem: Foto de Possessed Photography na Unsplash

 

por Ariana Assumpção*

Cegos de raiva não enxergam o outro. Com paus, tacapes em punho, destroem anos de história.  Venda na memória. Trator passando por cima da sua, da minha opinião. Me segura que caio pelo seu empurrão que me ignora. Meu apelo se perde, minha cabeça se abaixa de vergonha alheia pelo seu rompante sem nexo e inglório. Sua ordem e progresso me entristecem, pois querem me fazer engolir sem água, a secura de seu pensamento. Me vejo sem palavras, sem ação, sem crer. O respeito não faz parte do seu vocabulário. Carteiradas sem sentido competem com ombradas em pessoas que não lhe importam. Olha por cima do meu ombro e me despreza, me ignora, não me vê. Quem sou eu para você e seus desejos? Quem sou eu e meus anseios para você que adora a soberba e a impunidade? Quem sou eu para você que se arma com dentes rangendo e sangue nas órbitas? Somos da mesma espécie? Que tipo de sujeito sem predicados me ignora como uma moeda de 5 centavos, sépia do tempo, no chão sujo? Quem é você que quer fazer valer a força das mãos mais do que a razão. Sou por acaso invisível a olho nu? Me desnudo de seu ódio e noto o que você não vê: A sutileza das diferenças de cada ser. Só lamento e tento me desviar do tacape da ignorância cheio de pompa, de pomba de peito inchado, que nem fígado de pato sofrido na mesa da impunidade e anéis de ouro. Sou invisível para você. Mas sou real, sólido e resistência. Sempre!

*Ariana Assumpção. 54 anos, brasileira e paulistana. Passei por 2 faculdades: Publicidade e propaganda (Cásper Líbero) e Fotografia (Senac) e sobrevivi. Misturando imagens e textos descobri a poesia e, às vezes, ela pedia uma vida longa e solitária, sem ser traduzida pelas cores que fotos e desenhos emitem. Viajei por várias plataformas artísticas (desenho, pintura, marchetaria e escultura em clay). Trabalho como designer gráfico e fotógrafa comercial para obter o tão necessário sustento, mas quero viver de brisa e de arte. Tenho um podcast no Spotify, onde narro minhas poesias e devaneios: “Rotativa do Pensar”. Casada, 1 filho homem e um cão. Exposição “Moiras”,  em 2011, em um coletivo de fotógrafos na Avenida Paulista. Exposição na 14º Bienal de Curitiba (2019) no pavilhão Digital com a obra “Fronteiras?”

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