O Real

Fotografia de uma paisagem em preto e branco. Mais de noventa por cento da fotografia é o céu com núvens e à direita uma pequena lua.
Foto: by John Cobb on Unsplash

por Luiz Fernando Rodrigues*

Será que as tempestades têm um propósito em cair? Pediriam os ventos perdão por soprar e levar as sementes e o pólen e ser como são?
Não podemos pedir perdão por ser humanos, por viver, por amar e rir, por chorar e sofrer, por querer a condição de sonhar…
O mundo, disseram que é falso os contos dos contemplativos perdidos. Eles chamaram tudo que é real de ilusão, e os fantasmas das ideias, das sensações loucas, dos tremeliques, da sua fuga extática, chamaram de verdade. Tudo ao avesso?
Real é estar aqui com os meus e com os outros, nossos laços e nossos conflitos, nossas lutas…
É real a mortandade gratuita, o nascimento de bebês, de ideias, a escravidão dos bichos e a presunção de seres canibais, o orgulho monumental, os uivos das geleiras a sangrar, o som metálico dos dentes maquinais, o zumbido das mensagens que cruzam o espaço atmosférico.
O que eu sou é real agora em seu estado atual. O que sonhamos é real na medida da ação.

*Luiz Fernando Rodrigues é graduado em Linguística, professor e tradutor.

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